O grito me tirou, num susto, do meu devaneio: "o ônibus tal passa aqui??"
Pulei de susto. Era o bêbado que todos os dias (eu disse TODOS OS DIAS) pega o dito ônibus naquele ponto. Enfim, o ônibus passava.
Bêbado Mala: É que eu não estou acostumado a pegar ônibus, então me atrapalho...
Mari: Uhum...
BM: Eu briguei com minha namoradinha, estou muito triste. Ela não me valoriza...
Mari: Uhum...
Cuspiu no chão!!! Eu atraio velho esquisito e cuspidor! Que sina!
BM: Eu pago tudo pra ela, (cuspiu) faço as vontades. Sou muito generoso com ela. Ela é muito jovem, tem 24 anos (cuspiu). Eu tenho 60...mas dou conta dela (cuspiu).
Eu mereço, eu mereço, eu mereço!!!
O velho acendeu um cigarro. Ufa! É minha deixa.
Mari: Eu vou me afastar do senhor por causa do cigarro. Estou grávida e não quero que a fumaça faça mal ao neném.
BM: Não senhora! Pode ficar aí, eu apago o cigarro.
Droga. E ele ainda cuspiu de novo. Cadê esse ônibus??
BM: Mas como eu ia dizendo, eu a trato muito bem. Pago casa, roupas caras, viagens...a conta dela do celular esse mês foi mais de mil reais! E eu paguei. Mas ela não dá valor não. Merecia que eu a trocasse por outra que gostasse mais de mim...
Mari: Uhum...
BM: A senhorita...desculpe, senhora. A senhora não acha que eu deveria trocar de namoradinha?
Mari: ...
Cuspiu de novo!
BM: Desde que me separei (minha mulher me largou), só tive essa menina. Mas ela só quer saber do meu dinheiro. Por isso que eu bebo. Estou muito triste.
Mari: Uhum...
Chegou meu ônibus. Ufa! Fiz menção de levantar. O Mala levantou na minha frente e entrou no ônibus. Voltei. Melhor chegar mais tarde em casa do que aturar esse senhor a viagem toda.
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